quinta-feira, 12 de agosto de 2010

A Sociedade e os rótulos!

“Tênis é esporte de burguês!”. Essa foi a frase dita pelo Ilustríssimo senhor chefe do Executivo, Luís Inácio da Silva, quando um garoto morador da favela em que ele visitava pede por uma quadra de tênis na comunidade em que vive.
Sempre tive cá meus pensamentos sobre os rótulos existentes na sociedade. São estereótipos utilizados para uma pronta identificação de cada ser humano, de acordo com suas vertentes. Como um fast-food social. Sim, porque por um número sabe-se a refeição que se quer. Dessa maneira funciona o rótulo habitualmente.
Numa conseqüência, discussões são pautadas pelos rótulos, mas jamais pela ideologia de cada um. Não se discute, muito menos se argumenta, sobre cada sistema de idéias.
Isso acaba numa distorção social tremenda. Por quê? Porque nas idas e vindas, os rótulos são cuspidos e atribuídos sem sequer imaginarmos o que têm por trás.
Peguemos o termo “burguês”, por exemplo. A burguesia surgiu há algum tempo, com os burgos, que viviam do comércio/finanças. Foram a base do capitalismo. Quando Marx inicia sua jornada comunista (e aqui não vale o rótulo, mas a teoria), vira-se justamente contra estes, culpando-os das mazelas sociais. A burguesia passa a ter um papel malévolo em seu mundo cor-de-vermelho.
Com o tempo, o burguês vira estereótipo daquele que possui qualquer riqueza, mesmo que não seja orgulhoso e egoísta. Mas por ter, passa a ser.
E aí mora o perigo: o rótulo passa a gerar ódio. Imaginem essa relação com todos os rótulos existentes. Os títulos são disparados a esmo, segregam, criam grupos, discriminam. Mas no fundo os disparadores não têm noção do que está por trás de tudo isso.
Voltando ao exemplo do “burguês”. Uma pessoa com menos recursos financeiros que chama a outra de burguesa, (in)voluntariamente passa a odiá-la, ou desrespeitá-la, o que quer que seja. Mas na verdade não parou pra pensar!
Vejam: sou pobre (sim, rotulado), não tenho oportunidades e vejo pessoas com dinheiro.
Mas a culpa é de quem tem dinheiro? Ou é do governo que não propicia a base correta na estrutura para que todos atendam às mesmas oportunidades num mesmo nível intelectual?
O que quero dizer é que, neste caso, uma pessoa está rotulando a outra, mas ao mesmo tempo não percebe que é órfã do sistema governamental corrupto. Não percebe que o capitalismo lhe dá as chances, mas quem as tira é o próprio Estado, que não dá a mínima condição da pessoa se desenvolver. Então, por que em vez da pessoa agredir o “burguês”, ela não cobra o Estado de seus direitos? Usa o rótulo forjando e maquiando o seu insucesso, como se a culpa fosse dos bem sucedidos.
Isso acontece em muitos outros casos também. Trouxe esse à tona porque fiquei indignado com a postura do felizmente futuro ex-presidente Lula. Ele não pode dar esse exemplo.
Por isso antes de rotular, conheça o que existe por trás daquilo. Entenda o que motiva o ser humano a agir de determinada maneira, perceba, mesmo que seja contrário.
Existe uma linha tênue entre rotular por rotular e rotular por classificar com inteligência e astúcia, como uma descrição elegante e fina. Praticamente uma arte, não gera ódio e muitas vezes diverte.

Chega de ser enganado pelos corruptores. Eles nos manipulam. Abram a mente!